João Calvino, ou melhor, Jean Cauvim seu nome em francês, nasceu em 10 de julho de 1509 em Noyon, uma cidade diocesana a cerca de 95km ao nordeste de Paris. Sendo 26 anos mais jovem do que Martin Lutero, Calvino se constituiu um dos reformadores da segunda geração, tendo sido considerado o mais importante reformador da Igreja fora da Alemanha no século XVI, alguns até o colocam como o mais importante dos reformadores.
Por intermédio da influência do pai, que era procurador do capítulo diocesano e secretário do bispo de Noyon, Calvino recebeu um benefício eclesiástico modesto, o qual lhe proporcionou financiar seus estudos, tendo em agosto de 1523 ingressado na Universidade de Paris, tendo estudado primeiramente no Collège de la Marche, onde adquiriu seu estilo literário brilhante, graças à instrução em latim recebida por Maturino Cordier. Apesar de ter seus estudos patrocinados pela Igreja Calvino diferentemente da maioria dos reformadores da primeira geração, não foi nem monge ou sacerdote. Em 1532, apesar de já ter o título de Mestre em Humanidades obtido aos 18 anos, Calvino, por influência do pai, se formou em direito no mesmo ano após ter estudado nas famosas escolas parisienses de Orleãs e de Bourges.
Também em 1532, Calvino veio a publicar sua primeira obra, um comentário erudito sobre “Da Clemência” de Sêneca, demonstrando o seu interesse por autores clássicos em detrimento de obras da escolástica medieval, percebendo-se assim, alguns traços humanistas em Calvino, sem falar no fato de que o círculo que Calvino frequentava era inteiramente humanista.
Um dado não muito esclarecido na vida de Calvino, foi à data precisa de sua conversão ao protestantismo, tendo ocorrido talvez com ele uma “conversão súbita” entre os anos de 1533 e 1534. Calvino compartilhou com os humanistas evangélicos franceses na década que precedera sua conversão, um temor existencial e uma ansiedade espiritual diante da quase aniquilação dos luteranos franceses e da ruptura com o catolicismo romano.
A França, diferentemente do que ocorria na Alemanha e na Suíça, não teve uma conduta de apoio público à causa da reforma protestante, o então rei francês Francisco I, apesar de ser simpatizante da Renascença, agia de maneira moderada para com o protestantismo somente quando anelava por alianças políticas com os príncipes luteranos alemães. Entretanto, as autoridades francesas acusavam os ensinos dos reformadores como a causa das ações dos radicais reformistas, levando homens como Calvino, a fugirem ou optar pela clandestinidade. Com a perseguição aos reformadores e humanistas franceses, Calvino acaba indo para cidade de Genebra na Suíça por volta de 1536, apesar de que sua intenção era apenas passar uma noite naquela cidade, Calvino acaba permanecendo devido a uma proposta vinda de um conhecido seu de Paris, chamado Guilherme Farel, que viu em Calvino a possibilidade de se instalar e de gerenciar o protestantismo naquela cidade.
Num primeiro momento Calvino resistiu ao convite do amigo, talvez pela sua personalidade pacata, pois ele mesmo falava: “Meu objetivo sempre foi viver uma vida privada sem ser conhecido” (Gerrish 1967a, p.151), todavia, persuadido e até mesmo ameaçado espiritualmente por Farel, Calvino aceita a proposta do amigo.
Contudo Genebra ainda não estava preparada para as idéias de Calvino, o que levou o Conselho de Genebra a demitir Calvino juntamente com Farel, fazendo com que Calvino se estabelecesse em Estrasburgo onde contraiu matrimônio. Calvino permaneceu em Estrasburgo até o momento em que os próprios magistrados de Genebra o chamassem de volta para que ele pudesse oferecer uma réplica contra o movimento católico reformista iniciado naquela cidade por Sadoleto, como consequência Calvino passou a ter carta branca para implantar a sua teologia protestante bem como a sua metodologia de administração eclesiástica em Genebra, o que levou esta cidade a ser considerada uma “nova Roma” da Reforma, servindo como uma espécie de “Meca” para os adeptos da nova fé.
Considerado um dos maiores ícones da teologia reformista, Calvino foi visto por muitos como causador da instalação de uma economia voltada para o lucro, isto é, o que conhecemos por capitalismo, tendo em vista os pensamentos calvinistas que enaltecia as virtudes do trabalho duro e da parcimônia, aliado a teologia da vocação.
Apesar de sua importância para a época da Reforma, Calvino sempre manteve sua simplicidade, tendo sido enterrado em 27 de maio de 1564, a pedido do próprio Calvino, numa sepultura simples e não marcada na cidade de Genebra na Suíça.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARTER, Lindberg. A mais perfeita escola de Cristo: a Reforma de Genebra. In ______ As reformas na Europa. São Leopoldo: Sinodal, 2001. Cap X, p 297-327.
CARTER, Lindberg. Refúgio à sombra das asas de Deus: a Reforma na França. In ______ As reformas na Europa. São Leopoldo: Sinodal, 2001. Cap XI, p 328-367.
GONZALEZ, Justo L..Uma história do pensamento cristão: da Reforma Protestante ao século XX. São Paulo: Cultura Cristã. 2004.
HUMANISMO. In: Wikipédia a enciclopédia livre. Lisboa: Wikipedia, 2009. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo>. Acesso em: 04 abr. 2009.
Por intermédio da influência do pai, que era procurador do capítulo diocesano e secretário do bispo de Noyon, Calvino recebeu um benefício eclesiástico modesto, o qual lhe proporcionou financiar seus estudos, tendo em agosto de 1523 ingressado na Universidade de Paris, tendo estudado primeiramente no Collège de la Marche, onde adquiriu seu estilo literário brilhante, graças à instrução em latim recebida por Maturino Cordier. Apesar de ter seus estudos patrocinados pela Igreja Calvino diferentemente da maioria dos reformadores da primeira geração, não foi nem monge ou sacerdote. Em 1532, apesar de já ter o título de Mestre em Humanidades obtido aos 18 anos, Calvino, por influência do pai, se formou em direito no mesmo ano após ter estudado nas famosas escolas parisienses de Orleãs e de Bourges.
Também em 1532, Calvino veio a publicar sua primeira obra, um comentário erudito sobre “Da Clemência” de Sêneca, demonstrando o seu interesse por autores clássicos em detrimento de obras da escolástica medieval, percebendo-se assim, alguns traços humanistas em Calvino, sem falar no fato de que o círculo que Calvino frequentava era inteiramente humanista.
Um dado não muito esclarecido na vida de Calvino, foi à data precisa de sua conversão ao protestantismo, tendo ocorrido talvez com ele uma “conversão súbita” entre os anos de 1533 e 1534. Calvino compartilhou com os humanistas evangélicos franceses na década que precedera sua conversão, um temor existencial e uma ansiedade espiritual diante da quase aniquilação dos luteranos franceses e da ruptura com o catolicismo romano.
A França, diferentemente do que ocorria na Alemanha e na Suíça, não teve uma conduta de apoio público à causa da reforma protestante, o então rei francês Francisco I, apesar de ser simpatizante da Renascença, agia de maneira moderada para com o protestantismo somente quando anelava por alianças políticas com os príncipes luteranos alemães. Entretanto, as autoridades francesas acusavam os ensinos dos reformadores como a causa das ações dos radicais reformistas, levando homens como Calvino, a fugirem ou optar pela clandestinidade. Com a perseguição aos reformadores e humanistas franceses, Calvino acaba indo para cidade de Genebra na Suíça por volta de 1536, apesar de que sua intenção era apenas passar uma noite naquela cidade, Calvino acaba permanecendo devido a uma proposta vinda de um conhecido seu de Paris, chamado Guilherme Farel, que viu em Calvino a possibilidade de se instalar e de gerenciar o protestantismo naquela cidade.
Num primeiro momento Calvino resistiu ao convite do amigo, talvez pela sua personalidade pacata, pois ele mesmo falava: “Meu objetivo sempre foi viver uma vida privada sem ser conhecido” (Gerrish 1967a, p.151), todavia, persuadido e até mesmo ameaçado espiritualmente por Farel, Calvino aceita a proposta do amigo.
Contudo Genebra ainda não estava preparada para as idéias de Calvino, o que levou o Conselho de Genebra a demitir Calvino juntamente com Farel, fazendo com que Calvino se estabelecesse em Estrasburgo onde contraiu matrimônio. Calvino permaneceu em Estrasburgo até o momento em que os próprios magistrados de Genebra o chamassem de volta para que ele pudesse oferecer uma réplica contra o movimento católico reformista iniciado naquela cidade por Sadoleto, como consequência Calvino passou a ter carta branca para implantar a sua teologia protestante bem como a sua metodologia de administração eclesiástica em Genebra, o que levou esta cidade a ser considerada uma “nova Roma” da Reforma, servindo como uma espécie de “Meca” para os adeptos da nova fé.
Considerado um dos maiores ícones da teologia reformista, Calvino foi visto por muitos como causador da instalação de uma economia voltada para o lucro, isto é, o que conhecemos por capitalismo, tendo em vista os pensamentos calvinistas que enaltecia as virtudes do trabalho duro e da parcimônia, aliado a teologia da vocação.
Apesar de sua importância para a época da Reforma, Calvino sempre manteve sua simplicidade, tendo sido enterrado em 27 de maio de 1564, a pedido do próprio Calvino, numa sepultura simples e não marcada na cidade de Genebra na Suíça.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARTER, Lindberg. A mais perfeita escola de Cristo: a Reforma de Genebra. In ______ As reformas na Europa. São Leopoldo: Sinodal, 2001. Cap X, p 297-327.
CARTER, Lindberg. Refúgio à sombra das asas de Deus: a Reforma na França. In ______ As reformas na Europa. São Leopoldo: Sinodal, 2001. Cap XI, p 328-367.
GONZALEZ, Justo L..Uma história do pensamento cristão: da Reforma Protestante ao século XX. São Paulo: Cultura Cristã. 2004.
HUMANISMO. In: Wikipédia a enciclopédia livre. Lisboa: Wikipedia, 2009. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo>. Acesso em: 04 abr. 2009.